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SOBRE OS CAMPOS SULINOS

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Campo nativo na Serra do Caverá, Fazenda Cerro dos Porongos Alegrete, RS (Dez. 2014). Foto: Flavia Tirelli

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Sobre os Campos Sulinos

A vegetação campestre do sul do Brasil, os Campos Sulinos, está incluída em dois biomas brasileiros (IBGE 2004): no Pampa, que corresponde à metade sul do estado do Rio Grande do Sul, e no bioma Mata Atlântica. A Mata Atlântica, inclui áreas de campos no Planalto Sul-Brasileiro, formando mosaicos com áreas florestadas na metade norte do Rio Grande do Sul e nos estados de Santa Catarina e Paraná (Overbeck et al. 2009). A vegetação natural do sul do Brasil é um mosaico de campos, vegetação arbustiva e diferentes tipos florestais (Teixeira et al. 1986, Leite & Klein 1990).

 

A diversidade de plantas nos Campos Sulinos é alta e insuficientemente conhecida. São conhecidas 1161 espécies de plantas, das quais 107 são endêmicas e 76 ameaçadas de extinção apenas nos Campos do Planalto Sul-Brasileiro do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

 

Historicamente, a região dos Campos Sulinos não foi tratada como prioritária para a conservação, assim como outras formações não florestais no Brasil, tal como o Cerrado e a Caatinga (Overbeck et al. 2009). Apenas 453 Km2 dos Campos Sulinos estão protegidos em Unidades de Conservação (UC) de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área total dessa formação vegetal. A maior parte dessa área está nos mosaicos de campos e Mata de Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparados da Serra, da Serra Geral e de São Joaquim nas divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina (MMA 2000).

Morcegos nos Campos Sulinos

Na região sul do Brasil, ocorrem pelo menos 70 das 182 espécies de morcegos dadas para o Brasil (Passos et al. 2010, Nogueira et al. 2014), mas o reduzido número de trabalhos utilizando monitoramentos acústicos realizados até ao momento na região sugere que a diversidade é bem superior, especialmente no que respeita a espécies de Molossidae, Vespertilionidae e Emballonuridae.

 

Também não foram realizados estudos de longo prazo abordando estrutura e dinâmica de comunidades e populações de morcegos nos Campos Sulinos. Por exemplo, no Rio Grande do Sul, os trabalhos realizados sobre morcegos são limitados no espaço e no tempo não permitindo generalizações ecológicas precisas e formulação de estratégias de conservação de espécies. Estimativas indicam que apenas 40% da área do bioma Pampa possui algum registro de ocorrência de morcegos e a região dos Campos do Oeste do Rio Grande do Sul é considerada uma lacuna no conhecimento sobre a distribuição geográfica do grupo no Brasil (Bernard et al. 2011).

Projetos de Pesquisa

Estrutura de comunidades de morcegos em diferentes fitofisionomias e elevações;

 

Análise da influência do clima e da paisagem nos padrões de atividade de morcegos insetívoros aéreos, amostrados através de monitoramento acústico em larga escala;

 

Diversidade de morcegos no Pampa do Rio Grande do Sul;

 

Identificação acústica de morcegos brasileiros;

 

Ecologia de populações de espécies de morcegos abundantes no Pampa do Rio Grande do Sul, incluindo espécies sinantrópicas;

 

Diversidade de ectoparasitas e redes de interação entre ectoparasitos e morcegos;

 

Influência da obstrução da vegetação na abundância de morcegos;

 

Ocorrência de assimetria flutuante em populações de morcegos em ambientes com diferentes níveis de conservação.

Morcegos do Pampa: conectividade da paisagem do Pampa para morcegos de diferentes guildas de uso do espaço por meio de modelos de ocupação baseados na detecção acústica.

Manejo e Conservação

A Secretaria Regional Campos Sulinos, em conjunto com a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Sul e especialistas das Universidades Federais do Rio Grande do Sul, Pelotas, Pernambuco e Brasília, desenvolveu um conjunto diretrizes para a consideração de morcegos nas avaliações de impacto ambiental de parques eólicos no Brasil. O resultado dessa experiência colaborativa foi publicado no volume especial sobre impactos ambientais da revista Oecologia Australis e pode ser acessado aqui.

 

Os trabalhos realizados em unidades de conservação como, por exemplo, no Parque Nacional de Aparados da Serra, no Parque Nacional Serra Geral, no Parque Nacional da Lagoa do Peixe e no Parque Estadual do Turvo, têm vindo a subsidiar a revisão dos planos de manejo e o desenvolvimento de medidas efetivas para a conservação de morcegos nessas unidades.

Divulgação e Educação Ambiental

A Secretaria Regional tem desenvolvido inúmeras ações de educação ambiental e divulgação para diferentes públicos-alvo, incluindo escolas do ensino fundamental, médio e superior, e pessoal técnico de unidades de conservação;

 

Nos anos de 2015 e 2018 foram organizados o 1º e o 2º Simpósio de Bioacústica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A terceira edição está prevista para setembro de 2023.

Desde 2019 desenvolvemos o projeto de educação ambiental e popularização da ciência Morcegos do Pampa, que pode ser acessado em https://linktr.ee/morcegosdopampa

Referências

Bernard, E., Aguiar L.M.S., Machado R.B.. 2011. Discovering the Brazilian bat fauna: a task for two centuries? Mammal Review 41: 23-39.

 

IBGE 2004. Mapa da vegetação do Brasil e Mapa de Biomas do Brasil

 

Leite P.F., Klein R.M. 1990. Vegetação. In: Geografia do Brasil: Região Sul (ed. IBGE). Instituto Brasileiro de Geografia e estatística Rio de Janeiro, pp. 113-150.

 

MMA 2000. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. MMA/SBF, Brasília, 40 p.

 

Nogueira M.R., Lima I.P, Moratelli R., Tavares V.C., Gregorin R., Peracchi A.L. 2014. Checklist of Brazilian bats, with comments on original records. Check List 10: 808-821.

Overbeck G.E., Müller S.C., Pillar V.D., Pfadenhauer J. 2005. Fine-scale post-fire dynamics in southern Brazilian subtropical grassland. Journal of Vegetation Science 16: 655-664.

 

Overbeck G.E., Müller S.C., Fidelis A., Pfadenhauer J., Pillar V.P., Blanco C., Boldrini I., Both R., Forneck E. 2009. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. Em: Pillar V.P., Müller S.C., Castilhos Z.M.S, Jacques A.V.A. (ed). Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. Brasília: MMA. 403p.

 

Passos F.C., Miranda J.M.D., Bernardi I.P., Kaku-Oliveira N.Y., Munster L.C.. 2010. Morcegos da Região Sul do Brasil: análise comparativa da riqueza de espécies, novos registros e atualizações nomenclaturais (Mammalia, Chiroptera). Iheringia Série Zoologia 100: 25-34.

 

Teixeira M.B., Coura-Neto A.B., Pastore U., Rangel Filho A.L.R. 1986. Vegetação. In: Levantamento de recursos naturais (ed. IBGE). IBGE Rio de Janeiro, pp. 541-632.

Como citar informações desta página:

Arias-Aguilar A. P., Ramos Pereira M.J., Rui A.M., da Costa C. F.,  2022. Secretaria Regional Campos Sulinos. Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros - SBEQ. 2022. Disponível em: http://www.sbeq.net/campos-sulinos. Acessado em:

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