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Cerrado  - Chapada dos Veadeiros - Goiás. Foto: Andre Dib.

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Sobre o Cerrado

O Cerrado brasileiro abrange 23% da superfície terrestre do Brasil (2,03 milhões de km²) (da Silva & Bates, 2002), uma área comparável em tamanho à Europa Ocidental. Ele é a savana de maior biodiversidade do mundo (Mittermeier et al. 1999), no entanto, apenas 20% de sua vegetação original permanece inalterada pela ação antrópica (Myers et al., 2000).

 

O domínio do Cerrado foi moldado por oscilações climáticas passadas do terciário e do quaternário que podem ter aumentado a sua biodiversidade devido a intercâmbios anteriores com biomas florestais vizinhos (da Silva & Bates, 2002). Devido a uma geologia e geomorfologia heterogênea, com alta diversidade de solos e clima (Eiten, 1972; Furley & Ratter, 1988), o Cerrado é composto por um mosaico contínuo de diferentes fitofisionomias que vão desde campos até florestas de dossel fechados (Eiten, 1972). Entretanto, a distribuição dessas fitofisionomias ao longo do bioma não é equânime. Enquanto matas de galeria representam apenas 5% da área total do Cerrado, cerrados sensu stricto cobrem cerca de 70% (Ribeiro et al., 1998; Oliveira et al., 2017).

     

A expansão agrícola é a principal causa da redução do Cerrado (Klink & Machado, 2005) e estimativas atuais indicam uma taxa anual de perda de 0,7%, ou seja, 700.000 ha / ano (Brasil, 2011). Devido à alta taxa de desmatamento contínuo em curto período de tempo, o Cerrado é considerado a savana mais ameaçada no mundo e um dos biomas mais ameaçados do Brasil (da Silva & Bates, 2002). E mesmo sendo considerado um hotspot para biodiversidade (Myers et al., 2000), as decisão governamentais não estão de acordo com suas necessidades de conservação, o que se reflete na pequena porcentagem de áreas protegidas (<3%, Klink & Machado, 2005).

 

O Cerrado brasileiro apresenta pelo menos 118 espécies de morcegos (Aguiar et al. 2016), cerca de 66,3% de todas espécies de morcegos registradas no Brasil (Nogueira et al., 2014), e 47,0% dos mamíferos conhecidos do Cerrado. As 9 famílias de morcegos brasileiros ocorrem neste bioma, e 3 espécies são consideradas endêmicas: Lonchophylla bokermanni e Lonchophylla dekeyseri (ambas ameaçadas) e Micronycteris sanborni (endêmica do Cerrado e Caatinga, Gutiérrez & Marinho, 2017).

     

Embora poucas pesquisas de morcegos tenham sido conduzidas no Cerrado (Bernard et al., 2011), os morcegos desempenham serviços ecossistêmicos importantes. Os morcegos polinizam e dispersam sementes de plantas com alta importância econômica no Centro-Oeste (Caryocar brasiliensis, o pequi) e também predam grandes quantidades de insetos-praga no Cerrado (Aguiar & Antonini, 2008). Modelagens climáticas sobre a distribuição de espécies de morcegos do Cerrado indicam que no futuro, espécies de morcegos encontrariam condições climáticas semelhantes somente 281 km à sudeste das regiões atuais (Aguiar et al., 2016). Se as espécies de morcegos não forem capazes de se deslocar para novas áreas adequadas e se adaptar, pode haver um grande impacto e perturbação das espécies existentes no qual 36 espécies (31,6%) poderiam perder cerca de 80% de sua área de distribuição atual, e outras cinco perderiam mais de 98% de sua área de distribuição no bioma. Essas mudanças podem provocar diversas extinções de espécies em nível local e regional.

Ações

Efetividade da atração acústica para levantamento de morcegos na América do Sul

Estratégias para acelerar a sucessão ecológica em áreas degradadas no entorno da UHE Emborcação: serviços ecológicos em favor da restauração ambiental

 

Avaliação dos efeitos da poluição sonora e luminosa sobre mamíferos da APA Gama e Cabeça de Veado, Distrito Federal

 

Banco de Dados de Ultrassom para Morcegos do Cerrado Brasileiro

 

Projeto GEF polinizadores: Morcegos polinizadores fora e dentro de Unidades de Conservação

Produções

Capítulo de Livro:
Ameaças à conservação dos morcegos da savana mais biodiversa do mundo 
Ana Carolina Moreira Martins 
Hemani Fernandes Magalhães de Oli
veira
Áreas prioritárias para a pesquisa de morcegos no domínio do Cerrado
Ludmilla Moura de Souza Aguiar
Ricardo Bomfim Machado
Artigos:
 
Protecting the Cerrado: where should we direct efforts for the conservation of bat-plant interactions?
Hemani Fernandes Magalhães de Oliveira
Nicholas Ferreira de Camargo
Yann Gager
Renata Lara Muylaert
Erick Ramon
Rosana de Carvalho Cristo Martins
Loss of multiple dimensions of bat diversity under land-use intensification in the Brazilian Cerrado
Maria João Ramos Pereira
Carlos Fonseca
Ludmilla Moura de Souza Aguiar
Beyond the Amazon forest: richness and abundance of bats in the understory of savannahs, campinaranas and terra firme forest
William Douglas de Carvalho
Luiz Antônio Costa Gomes
Isaí Jorge de Castro
Ana Carolina Martins
Carlos Eduardo Lustosa Esbérard

Karen Mustin

Should I stay or should I go? Climate change effects on the future of Neotropical savannah bats
Ludmilla Moura de Souza Aguiar
Enrico Bernard
Ricardo Bomfim Machado
Gareth Jones

Referências

Aguiar, L., & Antonini, Y. (2008). Diet of two sympatric insectivores bats (Chiroptera: Vespertilionidae) in the Cerrado of Central Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 25(1), 28-31.

 

Aguiar, L. M., Bernard, E., Ribeiro, V., Machado, R. B., & Jones, G. (2016). Should I stay or should I go? Climate change effects on the future of Neotropical savannah bats. Global Ecology and Conservation, 5, 22-33.

 

Bernard, E., Aguiar, L., & Machado, R. B. (2011). Discovering the Brazilian bat fauna: a task for two centuries?. Mammal Review, 41(1), 23-39.

 

Brasil, 2011. Monitoramento do desmatamento dos biomas brasileiros por satélite—Monitoramento do Bioma Cerrado 2008–2009. Ministry of Environment-MMA and Brazilian Institute for the Environment and Renewable Natural Resouces - IBAMA, Brasília. Available at: http://mma.gov.br  (accessed in 04.04.18).

Cardoso Da Silva, J. M., & Bates, J. M. (2002). Biogeographic Patterns and Conservation in the South American Cerrado: A Tropical Savanna Hotspot: The Cerrado, which includes both forest and savanna habitats, is the second largest South American biome, and among the most threatened on the continent. AIBS Bulletin, 52(3), 225-234.

Eiten, G. (1972). The cerrado vegetation of Brazil. The Botanical Review, 38(2), 201-341.

Furley, P. A., & Ratter, J. A. (1988). Soil resources and plant communities of the central Brazilian cerrado and their development. Journal of Biogeography, 97-108.

Gutiérrez, E. E., & Marinho-Filho, J. (2017). The mammalian faunas endemic to the Cerrado and the Caatinga. ZooKeys, (644), 105.

Klink, C. A., & Machado, R. B. (2005). Conservation of the Brazilian cerrado. Conservation biology, 19(3), 707-713.

Mittermeier, R. A., Myers, N., Mittermeier, C. G., & Robles, G. (1999). Hotspots: Earth's biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. CEMEX, SA, Agrupación Sierra Madre, SC.

Myers, N., R.A. Mittermeier, C.G. Mittermeier, G.A.B. da Fonse- ca & J. Kent. 2000. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 403: 853-858.

Nogueira, M. R., de Lima, I. P., Moratelli, R., da Cunha Tavares, V., Gregorin, R., & Peracchi, A. L. (2014). Checklist of Brazilian bats, with comments on original records. Check list, 10(4), 808-821.

Oliveira, H. F., de Camargo, N. F., Gager, Y., & Aguiar, L. M. (2017). The response of bats (Mammalia: Chiroptera) to habitat modification in a neotropical savannah. Tropical Conservation Science, 10, 1-14.

Ribeiro, J. F., Walter, B. M. T., Sano, S. M., & Almeida, S. D. (1998). Fitofisionomias do Cerrado [Phytophisiognomies of the Cerrado]. In: S. M. Sano, & S. P. Almeida (Eds.). Cerrado: Ambiente e flora [Cerrado: environment and flora] (pp. 87–166). Planaltina, DF: EMBRAPA-CPAC.

Como citar informações desta página:

Aguiar L.M.S., Bueno-Rocha I.D., Machado L.S.A. 2022. Secretaria Regional do Cerrado. Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros - SBEQ. 2022. Disponível em: http://www.sbeq.net/cerrado.  Acessado em:

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